O provável pedido do primeiro-ministro britânico, David Cameron, ao Parlamento para se juntar a forças francesas no ataque ao Estado Islâmico na Síria tem grandes chances de ser aprovado, ao contrário do que ocorreu em 2013, quando ele sofreu a maior derrota de seu governo com a rejeição de uma moção para agir em território sírio.
No dia 29 de agosto daquele ano, o premiê apresentou proposta para atacar a Síria no combate ao regime do ditador Bashar al-Assad. Não havia um Estado Islâmico fortalecido como hoje e o alvo eram as tropas de Assad que estariam usando armas químicas contra civis. O texto apresentado por Cameron foi derrotado por 285 votos a 272, inclusive com votos de membros do seu partido, o Conservador (clique aqui para lembrar).
Fora a primeira vez em 50 anos que a oposição derrotava o governo numa votação sobre o envio de tropas britânicas ao exterior. Desde a polêmica invasão no Iraque, em 2003, a população e muitas lideranças políticas se opõem a novas ações militares do Reino Unido.
Obviamente, Cameron não quer repetir o fiasco de 2013, que quase levou à sua renúncia. Mas ele tem agora novos fatores que devem ajudá-lo a ser bem sucedido: um novo inimigo, o Estado Islâmico, que carrega junto a ameaça do terrorismo em território europeu (sendo o Reino Unido um potencial alvo de extremistas), e uma maioria consolidada no Parlamento para o Partido Conservador, algo que não havia há dois anos.
Além disso, membros do Partido Trabalhista, principal força de oposição, já sinalizaram que devem respaldar o ataque ao EI. O seu líder, Jeremy Corbyn, chegou a dizer que, se dependesse somente dele, não haveria carta branca para o Reino Unido agir na Síria.
Mas Corbyn, uma figura de extrema esquerda recém-eleita para a função, não é unanimidade dentro de sua legenda e já foi alertado, segundo a mídia inglesa, de que se insistir nesta tese sofrerá uma grave derrota na bancada do próprio partido.