Um homem chamado pela mídia inglesa de “guru comunista” foi acusado nesta quinta-feira (12) num tribunal de Londres de manter a própria filha encarcerada por 30 anos, além de praticar, desde os anos 70, abusos sexuais contra mulheres seguidoras de suas pregações políticas.
Aravindan Balakrishnan, 75, é apontado pelo Ministério Público inglês como um líder que se aproveitou do carisma nas “aulas” sobre comunismo para persuadir e violentar as vítimas. Se declarava o “todo-poderoso”, segundo os promotores.
Agora, responde a pelo menos 16 acusações formais por causa de crimes cometidos sob métodos de “violência mental e física” e “degradação sexual”.
“Cada mulher viveu uma vida de violência, medo, isolamento e confinamento. Foram forçadas a atos sexuais humilhantes e degradantes sobre os quais não tinham escolhas”, declarou a promotora Rosina Cottage, na corte de Southwark, em Londres.
De acordo com as autoridades, o “guru comunista” teve uma filha com uma dessas vítimas e a manteve trancada até os 30 anos, impedindo seu contato com o lado de fora.
Durante esse período de crueldade, ela não sabia quem eram os pais. “Ela nunca foi à escola, nunca brincou com um amigo, nunca viu um médico ou um dentista”, disse a promotora.
Depois de quase fugir em 2005, a jovem conseguiu escapar de vez do cativeiro há dois anos, quando Balakrishnan foi então preso e as investigações aprofundadas.
O “guru” chegou a ter 100 seguidores fiéis nos anos 70, muitos deles mulheres atraídas por seu carisma e que acabariam se tornando vítimas. Ele nega as acusações.
Balakrishnan chegou a atuar pelo Partido Comunista da Inglaterra nos anos 70, mas foi expulso por causa de seus métodos de pregação num grupo criado por ele em Londres, chamado “Workers Institute of Marxism–Leninism–Mao Zedong Thought” (aqui é possível ler um pouco mais sobre Balakrishnan naquele período, quando era chamado de “Comrade Bala”).