O Partido Trabalhista anunciou nesta sexta (11) seu candidato para disputar a prefeitura de Londres em 2016: Sadiq Khan, 44, filho de imigrantes paquistaneses e alinhado à ala da esquerda mais radical do partido.
Sua vitória, após disputa interna contra outros candidatos, reforça a tendência dos trabalhistas de dar uma guinada de vez à esquerda desde a derrota para os conservadores nas eleições de maio para o Parlamento.
Filho de um motorista de ônibus, membro do Parlamento e advogado de temas relacionados a direitos humanos, Khan derrotou Tessa Jowell, idealizadora dos Jogos Olímpicos de Londres de 2012 e aliada do ex-premiê Tony Blair (1997-2007).
A prefeitura de Londres hoje está nas mãos do conservador Boris Johnson, eleito em 2008 e reeleito em 2012. O candidato do Partido Conservador para 2016 ainda não foi escolhido.
A escolha de Sadiq Khan é uma prévia do tão aguardado anúncio neste sábado (12) do veterano Jeremy Corbyn, 66, para ser o novo líder do Partido Trabalhista no Reino Unido e, provavelmente, o candidato a primeiro-ministro nas eleições de 2020.
Corbyn é visto como um “outsider” numa legenda levada para o centrismo nos últimos 20 anos, em um movimento iniciado por Blair. Ele defende, entre outras coisas, o fim da austeridade fiscal implementada pelo atual governo conservador, o aumento de impostos para ricos e mais proteção à área social.
Corbyn se opôs à invasão de tropas britânicas na guerra do Iraque e é simpatizante da causa palestina. Empunha ainda a bandeira da “renacionalização” de empresas privatizadas de energia e transportes. Seu nome cresceu na campanha para ser novo líder, à frente dos outros três candidatos, um deles, Liz Kendall, apoiado por Blair.
Na eleição de maio, o então líder Ed Miliband não conseguiu impedir a vitória dos conservadores, que conquistaram maioria para reeleger David Cameron primeiro-ministro. O enfraquecimento da ala centrista de Blair e o fracasso de Miliband, um político que surfou pela centro-esquerda na campanha, abriram espaço para o fortalecimento de uma ala mais radical.
Esse movimento tem levado especialistas e lideranças a questionar quais as reais chances de uma guinada como essa ajudar o partido a recuperar o poder perdido em 2010. A sombra do desastre de 1983, quando o então líder Michael Foot, também alinhado à ala mais esquerdista da legenda, sofreu uma derrota histórica para Margaret Thatcher, ainda assusta os trabalhistas.