Austeridade de Cameron sugere corte de 40% nas contas públicas

Por Leandro Colon

O governo britânico não vive o drama grego, mas só pensa em “austeridade”. O ministro de Finanças, George Osborne, enviou nesta terça-feira (21) um documento aos demais ministros enfatizando a necessidade de atingir a meta de um ajuste de £ 20 bilhões nas contas públicas pelos próximos quatro anos.

Até aí, nada novo. O Partido Conservador bateu os trabalhistas nas eleições britânicas em maio empunhando a bandeira do corte de gastos de £ 100 bilhões do governo de David Cameron nos últimos cinco anos.

Esses próximos £ 20 bilhões, somados a outros £ 12 bilhões na área social e £ 5 bilhões com medidas de combate a evasão fiscal, vão zerar o déficit do país (hoje em 5% do PIB), garantem os conservadores.

O que chamou a atenção desta vez foi o apelo para que os órgãos do governo busquem um corte radical entre 25% e 40% até o biênio 2019-2020. O governo sugere, por exemplo, um estudo profundo para repassar a empresas privadas serviços bancados hoje por empresas públicas.

“Todos no Reino Unido precisarão tomar medidas para enfrentar o déficit fiscal e construir a base para um crescimento econômico forte e sustentável”, diz o documento.

Os ministros conservadores vão ter de apresentar suas sugestões de corte até novembro. O editor de economia da BBC Robert Peston avalia que setores do governo vão ter de se “reinventar” para levar adiante esse plano radical de um ajuste que pode chegar a 40%.

Cameron e Osborne mantêm o velho discurso de que vão blindar setores básicos, como educação e o sistema de saúde (NHS), este último estagnado e considerado uma das vítimas da política de austeridade dos conservadores.

Recentemente, milhares de britânicos foram às ruas de Londres, Manchester, Liverpool, entre outras, protestar contra a política de austeridade do governo. Argumentam que as medidas teriam sucateado o padrão de vida da população em troca de uma “falsa” recuperação econômica.