Leandro Colon

do Reino Unido

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Editado por Leandro Colon, correspondente da Folha em Londres, blog aborda um pouco mais do que é notícia na Europa. Formado em jornalismo e com dois prêmios Esso, Colon está na Folha desde 2012.

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O erro das pesquisas e a hipótese do conservador envergonhado

Por Leandro Colon

Até às 22h de quinta-feira (7), os britânicos esperavam por uma disputa acirrada e imprevisível entre conservadores e trabalhistas, na faixa de 260 a 280 cadeiras do Parlamento para cada lado.

Veio então a pesquisa de boca-de-urna dos canais BBC, Sky News e ITV: os conservadores haviam conquistado considerável maioria, praticamente garantindo a reeleição de David Cameron como premiê. Os jornais usaram a palavra “choque” para descrever a sondagem.

Mas a boca-de-urna também foi surpreendida, porque indicava que o Partido Conservador teria 316 cadeiras, dez a menos do que a maioria necessária para governar sozinho (são 650 no total).

O partido de Cameron foi além e levou 331  (veja aqui resultado completo).

O que ocorreu com as pesquisas? É a pergunta que a mídia britânica tem feito desde a noite passada.

É importante reconhecer que as projeções acertaram a vitória esmagadora do SNP (Partido Nacional Escocês) na Escócia.

Entretanto, durante toda a campanha os institutos e jornais apostavam, sem qualquer dúvida, no ‘hung parliament”, o parlamento enforcado, em que nenhuma legenda obtém maioria. O cenário previsto era de incerteza de desfecho no curto prazo. Como mostraram as urnas, ocorreu completamente o contrário.

“Já está claro que as pesquisas e os especialistas tiveram uma eleição ruim. Neste momento, é impossível saber os motivos. Pode ter sido porque simplesmente as pessoas mentiram, estavam tímidas ou tiveram uma mudança no dia da votação”, escreveu Alberto Nardelli, editor de dados do “The Guardian”.

Uma hipótese levantada pela “The Economist” é a histórica timidez de parte dos simpatizantes conservadores em revelar o voto aos institutos de pesquisa. Seria um perfil de eleitor que não é apaixonado pela legenda, com vergonha em tocar no assunto, mas que aposta na segurança econômica do Partido Conservador no comando do Reino Unido.

“Na verdade, são pessoas que não querem admitir que são eleitores conservadores”, disse à Folha nesta sexta-feira (8) o professor Sean Kippin, especialista da London School of Economics (LSE).

Cenário semelhante ocorreu em 1992, quando o conservador John Major venceu apesar da perspectiva favorável nas pesquisas para o trabalhista Neil Knnock.

“Os órgãos de pesquisa têm medo de se desviar muito da multidão em suas descobertas. O que está claro é que, como em 1992, todos terão de fazer uma espécie de ‘autópsia’, tentando descobrir o que deu errado e como corrigir para a próxima vez”, diz o professor da LSE.

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