Em clima de ataques entre conservadores e trabalhistas, a política britânica deu a largada nesta segunda-feira (30) para uma das mais imprevisíveis eleições de sua história.
A campanha começou oficialmente depois da tradicional dissolução do Parlamento britânico, passo inicial para que a disputa comece para valer nas ruas. A eleição está marcada para 7 de maio.
De um lado, o primeiro-ministro, David Cameron, do Partido Conservador, quer permanecer no cargo. Na oposição, o líder trabalhista, Ed Miliband, busca uma vitória para transformá-lo em premiê do Reino Unido e retomar o poder perdido pelo seu partido na eleição de 2010.
As pesquisas apontam um cenário apertado e sem qualquer favoritismo. Levantamento do Instituto YouGov divulgada pelo “The Sunday Times” no domingo (29) coloca o Partido Trabalhista com 36% dos votos, contra 32% do Partido Conservador. Já pesquisa divulgada pelo jornal “Daily Mail” aponta os mesmos percentuais, mas com os conservadores na frente (36%).
Ao todo, 650 cadeiras do Parlamento estão em jogo. Para obter maioria e governador sozinho, um partido precisa atingir pelo menos 326 – uma coalizão com legendas menores que chegue a 322 já seria suficiente para montar um governo, segundo analistas. O primeiro debate com os líderes dos sete principais partidos ocorre na próxima quinta-feira (2).
A campanha tem girado em torno das rígidas medidas de ajuste fiscal adotadas pelo governo de David Cameron desde 2010, da estagnação do eficiente sistema público de saúde (NHS), e da política de controle de imigração e da permanência na União Europeia.
Diante de uma campanha tão acirrada, Cameron quebrou a protocolo nesta segunda (30) e partiu para cima do adversário no tradicional anúncio que o primeiro-ministro têm de fazer, após visita à rainha Elizabeth 2ª no Palácio de Buckingham, informando a dissolução do Parlamento para as eleições.
“Em 38 dias, você vai encarar uma dura escolha. O próximo primeiro-ministro a cruzar essa porta será eu ou Ed Miliband. Você pode escolher uma economia que cresce, cria empregos, melhora o sistema de saúde ou escolher o caos econômico de Miliband”, disse Cameron. O líder conservador joga com o discurso de que um governo trabalhista aumentaria o gasto com impostos para a população. Veja abaixo:
No lançamento do “manifesto” trabalhista para o mundo dos negócios, Miliband criticou a proposta conservadora de um referendo para decidir pela permanência ou não do Reino Unido como membro da União Europeia. Segundo ele, a consulta coloca em risco a “prosperidade” britânica e os empregos locais.
O desempenho dos partidos menores deve ser crucial para definição do novo governo do Reino Unido. O crescimento do SNP (Partido Nacional da Escócia), embora tire votos dos trabalhistas, deve representar uma força considerável na formação de uma aliança que dê maioria a Ed Miliband.
O SNP aparece com chances de obter mais cadeiras do que os Liberais-Democratas, hoje aliados na coalizão que forma o governo de Cameron.
O partido de extrema-direita Ukip, que se opõe à permanência do Reino Unido na UE, pode fazer mais barulho do que conquistar votos na prática, assim como o Partido Verde.
Uma projeção atual do jornal “The Guardian” estima os conservadores com 277 cadeiras, ante 269 dos trabalhistas. Ou seja, a votação obtida pelos outros partidos tem tudo para ser decisiva no dia 7 de maio.