Os líderes que se reuniram em Minsk para negociar uma trégua no conflito do leste ucraniano divulgaram 13 pontos definidos para estabelecer a paz na região.
Um deles merece uma atenção especial: a elaboração de uma lei perdoando e anistiando os crimes de pessoas envolvidas no conflito em Donetsk e Lugansk – o texto diz que será proibido processá-las e puni-las.
Há quase sete meses, em 17 de julho do ano passado, um Boeing da Malaysia Airlines caiu na região de Donestk, com 298 pessoas a bordo. Todos morreram.
O governo ucraniano e seus aliados ocidentais acusaram os rebeldes de terem derrubado o avião. Os separatistas negam e, com um discurso endossado pelos russos, disseram na época que as forças de Kiev foram responsáveis pela tragédia.
Mais de meio ano se passou e nenhum sinal de alguma investigação séria por parte das autoridades locais.
Apenas os holandeses parecem interessados em apurar as causas da queda do avião – dos 298 passageiros, 193 eram da Holanda (o Boeing fazia a rota Amsterdã-Kuala Lumpur).
Cheguei ao local da queda do avião menos de 48 horas depois de sua derrubada. A cena era impressionante: rebeldes encapuzados em meio aos destroços e corpos espalhados. Não havia nenhuma autoridade de investigação isolando a área ou buscando informações. Uma terra de ninguém – no caso, dos separatistas.
Não há indício de que, nas reuniões em Minsk, os líderes tenham tocado no assunto.
A anistia a crimes cometidos no leste ucraniano pode ser a pá de cal na esperança de um dia descobrir o que realmente aconteceu naquele dia.