Acordo de paz ignora queda do voo MH17 na Ucrânia

Por Leandro Colon

Os líderes que se reuniram em Minsk para negociar uma trégua no conflito do leste ucraniano divulgaram 13 pontos definidos para estabelecer a paz na região.

Um deles merece uma atenção especial: a elaboração de uma lei perdoando e anistiando os crimes de pessoas envolvidas no conflito em Donetsk e Lugansk – o texto diz que será proibido processá-las e puni-las.

Há quase sete meses, em 17 de julho do ano passado, um Boeing da Malaysia Airlines caiu na região de Donestk, com 298 pessoas a bordo. Todos morreram.

Rebeldes separatistas cuidam dos destroços (crédito: Leandro Colon)
Rebeldes separatistas cuidam dos destroços (crédito: Leandro Colon)

O governo ucraniano e seus aliados ocidentais acusaram os rebeldes de terem derrubado o avião. Os separatistas negam e, com um discurso endossado pelos russos, disseram na época que as forças de Kiev foram responsáveis pela tragédia.

Mais de meio ano se passou e nenhum sinal de alguma investigação séria por parte das autoridades locais.

Apenas os holandeses parecem interessados em apurar as causas da queda do avião – dos 298 passageiros, 193 eram da Holanda (o Boeing fazia a rota  Amsterdã-Kuala Lumpur).

Cheguei ao local da queda do avião menos de 48 horas depois de sua derrubada. A cena era impressionante: rebeldes encapuzados em meio aos destroços e corpos espalhados. Não havia nenhuma autoridade de investigação isolando a área ou buscando informações. Uma terra de ninguém – no caso, dos separatistas.

Não há indício de que, nas reuniões em Minsk, os líderes tenham tocado no assunto.

A anistia a crimes cometidos no leste ucraniano pode ser a pá de cal na esperança de um dia descobrir o que realmente aconteceu naquele dia.