O desemprego na Grécia é o maior desafio do Syriza no poder

Por Leandro Colon

Alguns minutos circulando pelas ruas de Atenas são suficientes para identificar um dos principais problemas e desafios da Grécia: o desemprego.

É rotina a presença de gregos vítimas da crise econômica perambulando pelas principais praças da cidade.

A Grécia apresenta hoje a maior taxa de desempregados da Europa, 25%, algo em torno de 3 milhões de pessoas.

Desses, 1,3 milhão não encontram um trabalho há mais de um ano. Entre os jovens, o percentual dos que não trabalham sobe para 60%.

Num país em que 600 mil pequenas e médias empresas quebraram desde 2010, com um setor produtivo estagnado e uma dívida pública de 175% do PIB, a perspectiva é desoladora.

Durante cinco dias em Atenas, praticamente não encontrei uma só pessoa que não tivesse perdido o próprio emprego ou que não tenha um parente que sofreu o mesmo por causa da crise de 2010.

Na tarde de segunda-feira (26), encontrei Rebeca Deorgiou, 38, e Nicoleta Skoura, 43, sentadas numa mureta da Praça Omonia, palco do último comício do Syriza, partido de esquerda radical que venceu as eleições no último domingo (25).

Rebeca e Nicoleta passam o dia pelas ruas de Atenas. Crédito: Leandro Colon
Rebeca e Nicoleta passam o dia pelas ruas de Atenas. Crédito: Leandro Colon

As duas estão desempregadas há mais de um ano. Rebeca perdeu a vaga numa empresa do setor elétrico e a amiga foi dispensada de uma cafeteria.

As duas contam que vivem numa casa abandonada nos arredores de Atenas. Todos os dias, vão para o centro, muito mais porque elas não têm o que fazer do que na esperança de encontrar um emprego.

As duas costumam almoçar nos abrigos criados pela prefeitura, com a ajuda de setores da sociedade civil, para ajudar as vítimas da crise.

Rebeca e Nicoleta não votaram na eleição de domingo. Dizem que, diante da situação da Grécia, tanto faz ter o Syriza no poder ou o partido de centro-direita Nova Democracia, que governava a Grécia desde 2012.

“Todos prometem a mesma coisa, mas nada melhora para nós”, diz Nicoleta.

O Syriza e seu primeiro-ministro Alexis Tsipras sabem que o desemprego é o ponto mais frágil e vergonhoso das estatísticas da Grécia.

Sabem também que a aposta para que governem o país é uma chance (talvez a primeira e última) que receberam para tentar tirar o país do atoleiro, ao mesmo tempo em que a esperança entre os gregos de verem uma Grécia reerguida é cada vez menor.