Um dos políticos muçulmanos mais importantes do governo britânico decidiu renunciar: Sayeeda Warsi, secretária de Relações Exteriores, equivalente a um cargo abaixo do ministro.
Em uma carta, Warsi, filha de pais paquistaneses, diz que deixa seu cargo por discordar da postura do governo de David Cameron em relação aos ataques israelenses na região de Gaza que já mataram pelo menos 1.800 mil palestinos.
“É com profundo pesar que hoje escrevi uma carta ao primeiro-ministro. Eu não posso mais apoiar a política do governo em relação a Gaza”, disse a secretária, também conhecida como “Baronesa Warsi” (clique aqui para ler mais em sua conta no twitter). Segundo ela, o discurso do governo de Cameron é “moralmente indefensável”.
Sayeeda Warsi era uma figura simbolicamente importante dentro do governo do Partido Conservador. Além de dirigente do partido, foi a primeira mulher muçulmana a ocupar um cargo relevante no gabinete do primeiro-ministro.
Sua saída certamente vai aumentar a pressão contra a política do governo de apoio à Israel no conflito. A oposição trabalhista tem acusado o primeiro-ministro, David Cameron, de não repudiar como deveria a ofensiva israelense.
O premiê, na maioria das vezes em que toca no assunto, destaca a responsabilidade do grupo Hamas pelo início do conflito.
Em comunicado nesta terça, Cameron lamentou a decisão de Warsi e disse que a situação em Gaza é “intolerável”. “Nós apelamos para os dois lados chegarem a um acordo imediato e incondicional de cessar fogo”, disse.
Ontem (4), sob pressão, o Reino Unido informou que decidiu rever os contratos de armas e produtos militares negociados com Israel.
Segundo dados do Parlamento, os negócios chegam a pelo menos 8 bilhões de libras (R$ 32 bilhões) em contratos de exportação que envolvem softwares criptografados, equipamentos de comunicação e também armas.
De acordo com Downing Street, a situação na região foi “alterada” após os contratos assinados e é preciso verificar se Israel está utilizando material britânico em ações ilegais na conflito.
Ao mesmo tempo em vai analisar dos contratos, entretanto, o governo britânico descarta suspender de imediato qualquer das licenças concedidas ao governo israelense.