Ao desembarcar em Madri nesta quarta-feira, peguei um táxi no aeroporto e perguntei ao motorista: “O que acontece com a seleção da Espanha?”. Torcedor do Atlético de Madrid, não gostou e respondeu na lata: “E o que passa com a do Brasil? Foi um acidente a derrota para a Holanda”.
Depois, ele acalmou, o papo fluiu e conversamos sobre a expectativa do jogo de hoje (18) contra o Chile, decisivo para o futuro da Espanha na Copa. Falamos também da cerimônia de coroação do rei Felipe 6º, marcada para esta quinta (as ruas da cidade começam a receber um forte esquema de segurança para o evento).
Madri ferve, não só pelos 30 graus, mas também por causa da Copa e da turbulência monárquica.
O feriado de Corpus Christi é sempre motivo de festa na capital espanhola e, este ano, coincide com a coroação de Felipe em substituição ao pai, o rei Juan Carlos, que recentemente anunciou a abdicação do trono.
Mas o que é para ser um dia de celebração (ou de protesto para os republicanos) pode virar uma ressaca das boas.
O rei Felipe 6º será coroado menos de 12 horas depois de a Espanha ter enfrentado o Chile no Maracanã. Se perder, o time de Iniesta e Xabi Alonso, atual campeão do mundo, praticamente dará adeus à Copa em plena primeira fase de grupos.
Seria um vexame monumental, dizem os madrilenhos. E também um ‘anticlímax’ para a festa do novo rei, cuja coroação é considerada essencial para a recuperação do prestígio da monarquia espanhola.
Promete-se uma cerimônia sóbria no Congresso, mas logo depois o rei e sua mulher, a agora rainha Letizia, vão circular de carro pelas principais ruas de Madri em direção ao Palácio Real. Lá, vão receber dois mil convidados.
Será um dia histórico para a Espanha. Seja pela coroação, seja pela possível eliminação vexaminosa de uma das seleções de futebol mais badaladas dos últimos anos.