É proibido fazer campanha um dia antes da eleição presidencial na Ucrânia (marcada para este domingo, 25). Mas em Kiev nada impede o tiro ao alvo, ainda mais se o inimigo a ser atingido for o presidente da Rússia, Vladimir Putin, adversário número 1 dos ucranianos anti-Moscou.
Registrei a cena abaixo na manhã deste sábado (24) nos arredores da Praça da Independência, palco dos protestos que levaram à derrubada em fevereiro do então presidente Viktor Yanukovich, aliado de Putin.
Jovens compraram caixas e mais caixas de ovos e montaram a imagem do presidente russo numa placa de metal. Quem passa por ali é assediado a atirar um ovo – se acertar, ganha uma bala de chocolate. “Bravo, Bravo”, reagem os ucranianos quando o arremesso é um sucesso. “Ucrânia”, gritam antes do ataque.
Assista:
Putin é acusado pelo governo interino da Ucrânia e por potências ocidentais – como os EUA – de apoiar o movimento separatista no leste do país. Estive lá até ontem (23), mais precisamente em Donetsk (leia aqui). Os ativistas pró-Moscou prometem tentar atrapalhar a votação.
Aqui em Kiev, o cenário é outro. O clima é de total apoio à eleição presidencial, que tem como favorito o magnata Pero Poroshenko (leia aqui reportagem publicada neste sábado na edição impressa da Folha sobre ele).
Apesar da sensação de calmaria pelas ruas da capital, a Praça da Independência ainda respira os protestos da queda da Yanukovich. Como é possível ver abaixo, barricadas cercam a região, que virou uma espécie de memorial em homenagem aos mortos nos confrontos com a polícia no começo do ano.