O combate ao assédio sexual no metrô de Londres

Por Leandro Colon

Criado há um ano, um programa de prevenção e combate ao assédio sexual no transporte público em Londres já dá resultados práticos. Numa “operação” das autoridades na segunda semana de março, por exemplo, 16 pessoas foram detidas suspeitas de cometer algum tipo de assédio, conforme contei um pouco no especial de ontem da revista sãopaulo, da Folha.

Em dezembro foram 15 detidos. Um projeto chamado “Guardian” foi criado em abril do ano passado depois de uma pesquisa mostrando que 15% das mulheres que frequentam metrôs, ônibus e trens já sofreram abordagem sexual – como ser tocada por alguém, receber algum comentário, ser alvo de gesto obsceno, entre outras coisas, inclusive penetração. Entretanto, 90% delas nunca haviam informado as autoridades.

Cerca de 3 milhões de pessoas viajam todos os dias no metrô de Londres
Cerca de 3 milhões de pessoas viajam todos os dias no metrô de Londres

A polícia de Londres diz que, apesar da média de registro de apenas um crime por um milhão de passageiros, o combate ao assédio sexual é de extrema importância.

“Tem efeito desproporcional na confiança das pessoas em viajar, sobretudo as mulheres”, diz.

Além do combate por parte das autoridades, as vítimas ainda recebem um apoio para superar possíveis traumas.

O projeto “Guardian” envolve dois mil policiais treinados e destacados para monitorar esse tipo de comportamento e serem avisados pelas vítimas e testemunhas que circulam pelo transporte público. Entidades de combate ao assédio atuam como parceiras das autoridades.

Hoje, há 270 estações de metrô operando na cidade, com cerca de 1,1 bilhão de passageiros todos os anos circulando pelos vagões.

Um número de telefone específico para o assunto foi criado para receber denúncias, que podem ser feitas inclusive por mensagem de texto. A polícia pede que o relato seja feito o quanto antes, a tempo de poder deter o suspeito.

Foi o que ocorreu em fevereiro deste ano, com um homem de 36 anos, chamado Marcin Tedorowicz. Ele foi detido e condenado a um mês de prisão por abrir a calça para uma mulher na hora do almoço em um trem.

A vítima tirou uma foto dele com o celular e passou aos policiais, que, com ajuda de testemunhas, conseguiram detê-lo no mesmo dia numa das principais estações de metrô. Ele foi condenado e entrou para o registro de ofensas sexuais pelo período de sete anos.