Hoje cedo estive na sede do time de futebol Tavriya, de Simferopol, da capital da Crimeia. É o penúltimo na tabela da primeira divisão do campeonato ucraniano. Queria saber como está a situação diante da tensão militar entre Ucrânia e Rússia.
Acabei encontrando um campeonato local de braço de ferro. Às vésperas do referendo de domingo, brutamontes disputavam quem era mais forte no braço. Ali, ganhou um de origem tártara contra o de origem russa.
Nessa queda de braço, a Rússia perdeu, mas vai ganhar a de domingo. Espera-se que mais de 90% dos votos sejam a favor da anexação da Crimeia ao território russo. O resultado deve ser proclamado logo, assim como o governo ucraniano, que hoje controla a península oficialmente, deve imediatamente não reconhecê-lo. E aí a confusão só vai aumentar.
Cheguei ontem à noite a Simferopol, num voo por Moscou, já que o espaço aéreo está fechado para aviões que saem de Kiev. O clima não é de conflito nas ruas, violência, mas de tensão e apreensão pelo o que vai acontecer a partir de semana que vem, após o referendo. Mais ou menos como estava na semana passada, em minha primeira passagem por aqui.
Hoje não vi soldados russos nas ruas, apenas cruzei com uns caminhões militares não identificados numa avenida.
Dezenas de cossacos, aqueles homens vestidos com roupas militar do Império Russo, protegiam a sede do Parlamento. Conversei com três, todos jovens. Disseram que são russos e vieram ajudar na proteção da Crimeia.
Logo ali do lado do Parlamento, adolescentes pintavam bandeiras pró-União Soviética. Pareciam mais se divertir do que entender o que está acontecendo.