Além do histórico encontro entre os papas Francisco e o emérito Bento 16 na Basílica de São Pedro, o Consistório no Vaticano foi palco de debates nos bastidores sobre mudanças nas diretrizes da Igreja.
Um dos pontos abordados em reuniões fechadas do papa Francisco com seus cardeais foi a questão do divórcio. Diante da pressão externa, a cúpula da Igreja começa a discutir mudanças. Segundo o próprio Vaticano, as intervenções foram “amplas e profundas” sobre o tema nas conversas entre quinta e sexta-feira.
De acordo com a doutrina católica, o casamento religioso é sagrado e sua ruptura representa afastamento dos preceitos da Igreja – nem mesmo a comunhão em missa é permitida a um divorciado. Quem se casa novamente têm de se manter afastado dos sacramentos católicos. A Igreja não reconhece o divórcio de quem se casou religiosamente.
Uma proposta debatida pelos cardeais é simplificar o processo de nulidade do casamento anterior, o que abriria caminho para aumentar o número de divorciados que retornam à Igreja. O papa considera que os tribunais eclesiásticos não têm estruturas suficientes para cuidar do tema. A perda de fiéis divorciados preocupa a cúpula católica.
Embora admita que o assunto fez parte das reuniões do período do Consistório, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, frisa que não há ainda uma “ansiedade” da Igreja em tomar alguma decisão imediata. Disse que a ideia, por enquanto, é tentar encontrar o melhor caminho entre as diretrizes da Igreja e ‘situações específicas’.
Decisões podem ser tomadas em outubro no Sínodo Extraordinário da Família, entre 9 e 15 de outubro no Vaticano. Por sinal, o papa nomeou um brasileiro para presidir esse encontro de bispos, o presidente da CNBB, dom Raymundo Damasceno.