A Rainha Elizabeth 2ª anunciou hoje o perdão póstumo ao matemático Alan Turing, considerado o pai da informática moderna por, entre outras coisas, ter decifrado o código Enigma, usado pela Alemanha durante a 2ª Guerra Mundial.
Pois, bem. É um dos principais assuntos do dia por aqui na véspera de Natal. Primeiramente, celebra-se o reconhecimento pela família real do absurdo cometido contra Turing, condenado em 1952 e castrado quimicamente por ser homossexual – morreu dois anos depois envenenado com cianureto.
Mas, ao anunciar essa decisão, a rainha expõe um cenário constrangedor no Reino Unido: pelo menos 50 mil homens teriam sofrido as mesmas punições aplicadas a Alan Turing. Até 1967, o homossexualismo por aqui era crime, cuja punição, na maioria dos casos, se dava por meio de castração química.
Desses 50 mil, cerca de 15 mil ainda estão vivos, segundo divulgou hoje o ativista Peter Tatchell.
“É um erro um perdão real só porque ele era um grande cientista e muito famoso. Ao menos outros 50 mil homens foram condenados sob a mesma lei. Eles nunca receberam um perdão e nunca o terão. Reparação seletiva é uma maneira ruim de reparar uma injustiça histórica”, disse.
Turing recebe um perdão depois de uma intensa campanha popular, que coletou 37 mil assinaturas. “Alan Turing foi um homem excepcional com uma mente brilhante”, afirmou o ministro da Justiça, Chris Grayling, autor do pedido de indulto ao pai da informática.