Apertem os cintos, o lucro de R$ 1 bilhão sumiu

Por Leandro Colon

A maior rede varejista do Reino Unido, Tesco, anunciou nesta segunda-feira (22) o afastamento de quatro executivos de alto escalão após a descoberta de que a estimativa de lucro do primeiro semestre deste ano está 250 milhões de libras (R$ 1 bilhão) abaixo do previsto.

O que era para ser um total de 1,1 bilhão de libras passou para 850 milhões, quase 25% a menos, um duro golpe nas contas da empresa.

Quem já veio aqui provavelmente se deparou com uma loja do Tesco – são pelo menos 3.300 espalhadas pelo território britânico.

Empresa tem perdido mercado nos últimos anos. Crédito: AP
Empresa tem perdido mercado. Crédito: Kirsty Wiggleswort/Associated Press

 Suas ações já caíram 8% desde o anúncio do “erro contábil”. O presidente da  empresa, Dave Lewis, disse que uma investigação foi aberta para descobrir o que ocorreu – por enquanto, a justificativa seria um cálculo errado de receitas antecipadas e reconhecimento tardio de custos. “Vamos tomar medidas para que a investigação seja clara”, afirmou.

O Tesco havia anunciado no dia 29 de agosto a previsão de lucro de 1,1 bilhão de libras no primeiro semestre. Esse valor já era cerca de 500 milhões de libras a menos do lucro obtido no mesmo período do ano passado.

Ou seja, confirmada a nova previsão, a rede varejista terá metade do lucro de 2013, um cenário considerado grave, segundo analistas britânicos.

A crise no Tesco faz parte também de um contexto de perda de mercado para as alemãs Aldi e Lidl, que vêm ameaçando redes locais e ganhando terreno no Reino Unido com super descontos e foco em áreas afastadas – já planejam dobrar o número de lojas de 1.100 para 2.500 em sete anos.

O Tesco lidera o mercado local, com uma participação de 28,6% – dois pontos percentuais a menos que um ano atrás. As outras três redes tradicionais que vêm logo atrás no ranking, Asda, Sainsbury’s e Morrisons, também perderam clientes.

Enquanto isso, a Aldi, por exemplo, aumentou em um terço sua participação no mercado, chegando a 4,8%, encostada no Waitrose, rede mais sofisticada.

Já a Lidl cresceu 18% e tem 3,6%. O efeito é visível nas prateleiras de todas as redes: uma guerra de preços e promoções para todo lado. Bom para o consumidor.